8.
"Tanto o sátiro quanto o pastor idílico de nossos tempos modernos são ambos produtos de um anseio voltado para o primevo e o natural; (...) A natureza, na qual ainda não laborava nenhum conhecimento, na qual os ferrolhos da cultura ainda continuavam inviolados - eis o que o grego via no seu sátiro, por isso mesmo que não coincidia ainda com o macaco. Ao contrário, era a protoimagem do homem, a expressão de suas mais altas e mais fortes emoçoes, enquanto exaltado entusiasta que a proximidade do deus extasia, enquanto companheiro compadecente no qual se repete o padecimento do deus, enquanto anunciador da sabedoria que sai do seio profundo da natureza, enquanto símbolo da onipotência sexual da natureza, que o grego está acostumado a considerar com reverente assombro".
O NASCIMENTO DA TRAGÉGIA GREGA
FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE - 1844-1900
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